Após compra de carro clonado, empresários denunciam vistoria que não identificou fraude
Após compra de carro clonado, empresários denunciam vistoria que não identificou fraude

Após comprar um veículo adulterado que havia sido vistoriado por uma empresa credenciada pelo Departamento Estadual de Trânsito da Bahia (Detran-BA), os proprietários de uma revendedora de veículos da cidade de Vitória da Conquista, no Sudoeste Baiano, alegam ter sido vítimas de um golpe elaborado por uma quadrilha especializada em furto de veículos.

A empresária Leila Lima conta quem adquiriu o carro através da página da OLX como já havia feito com outros veículos. A partir daí, seu marido, Alexsandro Dias, veio à Salvador e fez a vistoria do carro junto a empresa Líder Vistorias, credenciada e licenciada pelo Departamento Estadual de Trânsito da Bahia (Detran-BA), e a vistoria aprovou o carro, o que fez que ela não desconfiasse da procedência do veículo.

No entanto, após fazer os reparos necessários e vender o veículo, a empresária descobriu através de uma segunda vistoria que o carro estava com o chassi e motor adulterados. "Essa é a questão. Como um carro nestas condições foi aprovado pela vistoria e foi emitido o documento pelo próprio Detran", indagou. 

Ainda de acordo com a empresária, ela constatou que foi vítima de um golpe elaborado por uma quadrilha. "Descobri o endereço da pessoa que eu paguei pelo carro, todos foram ouvidos na polícia e liberados. E meu dinheiro? Quem vai ressarcir meu valor? Não vou arriscar minha vida com uma quadrilha", disse.

Leila disse ainda que levou o caso para o Detran na última sexta-feira (29). "O diretor do Detran [diretor de Veículos, Lucas Machado] me ligou dizendo que o processo estava na mesa dele e que teria prioridade por que é algo grave, ele quer saber se tem gente envolvida de dentro do Detran despachante, e tudo mais", disse. 

A empresária disse ainda que a empresa Líder, responsável pela vistoria do veículo, disse que tinham o seguro, mas que a Porto Seguro negou pagar o valor total. "Eles disseram que a partir do momento em que o Detran imprimiu o documento a responsabilidade é do Detran", finalizou. 

Em nota, a Líder Vistorias Automotivas disse que realiza unicamente vistoria de transferência, através da qual são checados os dados do veículo com base no documento de transferência CRLV (também conhecido como DUT) e na numeração de chassi e motor obtidas por foto digital.

Ainda de acordo com a empresa, conforme consulta efetuada pela seguradora que foi acionada para tratar do caso, "o veículo foi adquirido no dia 04/11/2020 ou seja, a concretização da compra ocorreu antes mesmo da vistoria, a qual foi realizada em 05/11/2020. O laudo foi emitido sem que se percebesse qualquer sinal de adulteração nas marcações de chassi e motor, muito menos existia, no dia da vistoria, qualquer restrição no sistema para aquele veículo com base na consulta à BIN (Base de Índice Nacional), que é uma base de dados informatizada e centralizada que armazena informações oficiais do Denatran, contendo características e informações dos veículos pertencentes à frota nacional a partir do sistema de Registro Nacional de Veículo (Renavam)", informou.

Por fim, a empresa disse não existir a relação de causa e efeito alegada, uma vez que a compra não dependeu do laudo emitido. "Importante registrar que, se tiver ocorrido a alegada adulteração, ela era tão imperceptível que sequer foi constatada também pelo Detran. Convém esclarecer que, há alguns anos, a Líder não mais efetua a vistoria cautelar que é o tipo de vistoria prévia que se faz antes de comprar o veículo e, consequentemente, antes de assinar o DUT para ratificar sua procedência legal, bem como identificar sinais de colisão ou adulteração além de consulta à BIN e, assim, chancelar a compra para o cliente", finalizou.

Por meio de assessoria de imprensa, o Detran informou que o carro clonado já foi apreendido pela Polícia Civil e encontra-se no pátio da Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos de Veículos. "O caso está sendo apurado pela Corregedoria do Detran-BA, junto à empresa de vistoria e ao setor de documentos de veículos. É um processo complexo, que requer uma análise detalhada dos indícios, apresentação de provas e oitiva das partes envolvidas. A conclusão não acontece com celeridade, para garantir segurança jurídica à decisão. O diretor de Veículos, Lucas Machado, está em contato direto com Leila, dando informações sobre o andamento do processo", diz a nota.

Fonte: Bahia Notícias

Foto: Reprodução / BN