Evidências sugerem que cepa indiana da covid é mais infecciosa e mais grave
Médicos na Índia observaram o aumento de deficiência auditiva, distúrbios gástricos sérios, fungo negro e coágulos em pacientes infectados pela variante indiana do coronavírus. As informações foram divulgadas pela Bloomberg. A cepa é considerada a mais infecciosa até o momento e, com as descobertas, também pode ser a mais grave. É ela que impulsiona a devastadora 2ª onda de covid-19 no país asiático.
Na Inglaterra e na Escócia, por sua vez, as primeiras evidências sugerem que a cepa carrega um risco maior de hospitalização. A variante delta, conhecida como B.1.617, já tem 8 casos confirmado no Brasil e se espalhou em mais de 60 países nos últimos 6 meses, o que gerou restrições de viagens mundo afora. Um aumento nas infecções, alimentado pela cepa, forçou o Reino Unido a reconsiderar os planos para reabrir o país no fim de junho, com um relatório local informando que o planos podem ser adiados em duas semanas.
Com taxas mais altas de transmissão e uma redução na eficácia das vacinas, a compreensão dos efeitos da variante indiana se tornou algo especialmente crítico. Dor de estômago, náuseas, vômitos, perda de apetite, perda de audição e dores nas articulações estão entre os sintomas que os pacientes de covid-19 estão enfrentando, de acordo com 6 médicos que tratam de pacientes em toda a Índia.
“Precisamos de mais pesquisas científicas para analisar se essas manifestações clínicas mais recentes se devem à B.1.617 ou não”, disse o médico infectologista Abdul Ghafur em entrevista à Bloomberg. Ele trabalha no Apollo Hospital em Chennai, a maior cidade do sul da Índia. Ghafur disse que está vendo mais pacientes da covid-19 que desenvolvem sintomas como diarreia agora do que na 1ª onda da pandemia na Índia. “No ano passado, achamos que tínhamos aprendido sobre nosso inimigo, mas ele mudou”, afirma. “Este vírus se tornou tão, tão imprevisível“.
As variantes beta e gama, detectadas pela 1ª vez na África do Sul e no Brasil, mostraram pouca ou nenhuma evidência de desencadear sinais clínicos incomuns, de acordo com um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de New South Wales, da Austrália, em maio. Alguns pacientes desenvolveram microtrombos, ou pequenos coágulos sanguíneos, tão graves que levam o tecido afetado a morrer e desenvolver gangrena, informou Ganesh Manudhane, cardiologista de Mumbai. Ele tratou 8 pacientes com complicações trombóticas no Hospital Seven Hills durante os últimos 2 meses. 2 casos exigiram amputações de dedos ou de um pé.
“Assisti de 3 a 4 casos desses durante todo o ano passado. Mas agora é um paciente por semana“, diz Manudhane. O aumento de casos da cepa também pode estar causando um crescimento na frequência com que complicações raras de covid-19 estão sendo observadas. O médico disse que está perplexo com os coágulos sanguíneos observados em pacientes de todas as faixas etárias sem histórico de problemas relacionados à coagulação.
Os profissionais também se espantaram com a velocidade com que o vírus está se espalhando e com o aumento da quantidade de sintomas específicos, diferentes de um paciente para outro. Casos de mucormicose, a infecção fúngica rara conhecida como “fungo negro”, têm aumentado na Índia. A infecção foi detectada em mais de 8.800 pacientes e sobreviventes da covid-19 até 22 de maio, forçando as autoridades de saúde a considerá-la uma epidemia específica.
Fonte: Poder 360
Foto: Raj K Raj/Hindustan Times