Na Bahia, 91 mil pessoas não voltam para tomar 2ª dose da vacina contra covid
Você tá ansioso para tomar a sua vacina contra a covid? Pois saiba que, na Bahia, mais de 91 mil pessoas já poderiam ter completado seu esquema vacinal, mas não retornaram aos postos de imunização para tomar a segunda dose das vacinas CoronaVac e AstraZeneca, segundo os dados da Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab). Só em Salvador, o número de faltantes é de 21 mil pessoas, de acordo com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS). A vacina mais preterida pelos baianos é a CoronaVac, produzida no Brasil pelo Instituto Butantan. No total, são 64.550 pessoas que deveriam ter tomado a segunda dose desse imunizante e não retornaram. Já a AstraZeneca, produzida nacionalmente pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), tem 26.759 baianos faltantes no estado. Os ausentes representam 1,3% de todas as doses de vacina recebidas pela Bahia
No total, 6,8 milhões de ampolas foram enviadas ao estado, sendo 3 milhões de Coronavac, que tem um intervalo entre as doses de 28 dias, e 3,6 milhões da AstraZeneca, cujo período entre a primeira dose e o reforço é de 90 dias. A Bahia ainda recebeu outras 200 mil doses da vacina da Pfizer/BioNTech, que começou a ser aplicada no dia 4 de maio e possui intervalo entre as doses de 90 dias, ou seja, ainda não existem baianos que podem tomar a segunda dose. Mas se você tá de olho na vacina dos 91 mil faltantes, pode ‘tirar seu cavalinho da chuva’. Pelo menos em Salvador, a orientação é de que, enquanto as pessoas não vão tomar a segunda dose, o imunizante deve ficar armazenado à espera do seu ‘dono’. Ainda não está definido por quanto tempo essa vacina poderá ficar guardada. Na capital, 15,6 mil pessoas precisam tomar a segunda dose da CoronoVac e outras 5,2 mil a da AstraZeneca.
“Esse é um problema enfrentado no Brasil interior. Nós temos doses retidas e estamos nos questionando: por quanto tempo? Ainda não existe nenhuma normatização do Ministério da Saúde nesse sentido. Então, não temos respostas e a orientação permanece guardar a vacina”, explica Andréa Salvador, Diretora de Vigilância à Saúde do município. Andréa é quem coordena um trabalho realizado pela prefeitura para estimular as pessoas a tomarem a segunda dose. Há aproximadamente 15 dias, os agentes comunitários e de endemias fazem uma busca ativa nos bairros de Salvador. “Nós disponibilizamos as listas para as equipes que vão até a casa das pessoas para saber o motivo de não terem retornado para tomar o reforço”, explica a diretora, que está se diz empenhada para que haja a aceleração da imunização na capital baiana.
“Existe vacina disponível para as pessoas tomarem. Nós vemos que, para a primeira dose, muitos ficam numa expectativa de tomar logo. Nós pedimos para que as pessoas tenham também pressa para a segunda dose. Todos são bem-vindos, mas devem retornar”, diz. Segundo a Sesab, as vacinas enviadas para os municípios são "carimbadas", ou seja, quando são destinadas para a segunda dose, devem ter esse fim. Se forem destinadas para a primeira aplicação, não podem ser usadas como reforço. “Não são guardadas vacinas para a segunda dose. Cada remessa de vacina já vem com sua destinação”, explicam.
É por isso que atrasar a data de reforço atrapalha tanto as autoridades de saúde, que precisam aplicar o imunizante destinado como segunda dose. “As secretarias municipais estão fazendo busca ativa de pessoas em atraso, para tentar assegurar que todos tenham o esquema vacinal completado”, recomenda a Sesab. A aplicação do reforço deve ser feita antes de que a vacina perca a sua validade, o que varia de acordo com o lote do imunizante recebido, segundo a pasta estadual. De acordo com a diretora do departamento de Vigilância em Saúde de Ilhéus, Jeovana Catarino, em média, as vacinas tem validade de 4 a 6 meses. Ela cita como exemplo a AstraZeneca: um lote com fabricação do dia 10 de maio tem a validade até novembro. Em Salvador, o CORREIO acompanhou a busca ativa de alguns agentes municipais no bairro do Barbalho. Eles visitaram sete casas para descobrir o motivo das pessoas não terem ido tomar a segunda dose. “No geral, somos recebidos bem. Tudo depende da abordagem. Se explicamos direitinho, é tranquilo. É um trabalho importante para influenciar as pessoas a tomarem a vacina”, comenta o supervisor de campo Alex de Jesus Santos, que coordenava o grupo.
Fonte: Jornal Correio
Foto: Paula Froes/CORREIO